Probióticos ajudam a controlar doenças e a promover crescimento em mudas de café

Plantação de Café Foto: Carlos Alberto Meira
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AGROECOLOGIA

O café, uma das culturas de maior importância nacional, é suscetível ao ataque de doenças que afetam diretamente a sua produtividade.

Estudos recentes da Universidade Estadual Paulista (Unesp), do Instituto Biológico de São Paulo (IB) e da Embrapa indicam que probióticos podem ser aliados importantes no controle de doenças e na promoção do crescimento de mudas de café. Testes com dois probióticos comerciais formulados com Bacillus (Colostrum BIO 21 MIX e Colostrum BS), mostraram redução significativa na severidade de doenças do cafeeiro como ferrugem, mancha de phoma e mancha aureolada. Além disso, esses probióticos estimularam o desenvolvimento das mudas do cafeeiro.

De acordo com Guilherme de Freitas, que concluiu seu mestrado pela Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp, em Botucatu (SP), os probióticos foram particularmente eficazes contra a ferrugem do cafeeiro (imagem à direita), reduzindo sua severidade em até 95% nas mudas. O produto Colostrum BIO 21 MIX contém uma mistura de Bacillus subtilis e várias bactérias do ácido lático (Lactobacillus spp, Enterococcus faecium e Pediococcus acidilactici entre outras) enquanto o Colostrum BS é composto apenas por células de Bacillus subtillis.

Além do controle de doenças, explica Freitas, os probióticos promoveram o crescimento das mudas de café, aumentando a massa fresca e seca da parte aérea, o volume radicular (das raízes – imagem abaixo) e a área foliar, o que pode estar relacionado à produção de fitohormônios pelas bactérias, bem como ao aumento na disponibilidade de nutrientes como fósforo e potássio do solo.

 

 

Wagner Bettiol, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente (SP) que orientou o estudo, destaca que a aplicação de probióticos também foi eficaz no controle de outras doenças. No caso da mancha de phoma, os probióticos Colostrum BIO 21 MIX e Colostrum BS reduziram a severidade em até 79%, enquanto para a mancha aureolada, a redução chegou a 56%.

Ferrugem impõe perdas de até 50%

O café, uma das culturas de maior importância nacional, é suscetível ao ataque de doenças que afetam diretamente a sua produtividade. Altos índices de severidade da ferrugem, principal doença da cultura, podem resultar em perdas de produção que variam de 35% a 50%, afirma a pesquisadora do Instituto Biológico Flavia Patrício, que também participou da pesquisa.

Ela conta que o uso de consórcios microbianos, como o presente no BIO 21 MIX, mostra-se promissor, pois combina microrganismos que atuam de forma sinérgica. A sua aplicação preventiva pode oferecer uma alternativa sustentável ao uso de agrotóxicos, contribuindo para a sanidade e a produtividade das plantações de café, uma vez que não existe produto biológico recomendado para o controle da mancha de phoma até o momento, de acordo com o Agrofit 2023. Contudo, há necessidade de se comprovar a sua eficiência no campo e a sua viabilidade econômica.

Foto: Rui Faquini

Como funcionam os probióticos nos cafezais

As bactérias do ácido lático produzem compostos como ácidos acético, lático e propiônico que são considerados determinantes na atividade antifúngica. Após serem administrados, os probióticos competem e impedem a adesão dos patógenos, produzem compostos antimicrobianos e estimulam a proliferação da microflora benéfica, além de também atuarem modulando o sistema imunológico do hospedeiro, no caso, o cafeeiro.

A utilização desses consórcios pode melhorar a saúde e a vitalidade das mudas de café desde as fases iniciais do cultivo, preparando-as para um crescimento mais vigoroso e sustentável quando transplantadas para o campo, estratégia que pode contribuir para o aumento da produtividade e da qualidade da produção de café.

“Vale ressaltar também que as bactérias do ácido lático presentes nos probióticos são reconhecidas como seguras conforme estabelecido pela Administração Federal de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA), e pela Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA), portanto, podem ter maior agilidade para serem registrados para o segmento agrícola, ao serem comparados com produtos formulados com outras espécies ainda não estudadas”, explica Freitas.

Fonte: Agência Embrapa